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CONPRESP aprova proposta de reforma da Estação Santo Amaro

Estação Santo Amaro saturada em julho de 2018 CPTM ViaMobilidade
Estação Santo Amaro saturada em julho de 2018

Foi divulgado hoje no Diário Oficial a aprovação unânime da proposta da concessionária ViaMobilidade para “expansão e reorganização de fluxo, com a ampliação dos atuais corredores de acesso e a criação de nova caixa de circulação, e reformas internas” da Estação Santo Amaro da Linha 9 da CPTM pelo CONPRESP (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo)

A ViaMobilidade é a concessionária responsável pela operação e manutenção da Linha 5 Lilás e a reforma da Estação Santo Amaro é uma das contrapartidas do contrato de concessão.

Ano passado fizemos um artigo detalhado comparando o projeto proposto pelo Metrô no edital de concessão, com fotos atuais da estação e locais de cada intervenção. Inclusive novas escadas fixas e rolantes na Estação Santo Amaro da Linha 9 Esmeralda CPTM – recomendo a leitura.

Confira imagens com a proposta do Metrô para construção de uma estrutura paralela a Estação Santo Amaro e a instalação de 4 escadas rolantes de cada lado. Além da ampliação da passarela atual (em azul na última nas imagens abaixo)

CONPRESP

De acordo com a ata “Essa integração das linhas de trem e metro, além de requerer a expansão da construção existente para viabilizar a conexão entre as estações, carreta o aumento no fluxo de passageiros, impondo uma ampliação das plataformas de acesso aos trens e uma reorganização do programa. A análise da arquiteta Licia de Oliveira, chama atenção para a interferência que a nova caixa de circulação provocará na volumetria e na fachada do bem tombado. Sem dúvida, uma obra necessária, um desafio que requer da criatividade apurada sensibilidade para conciliar a preservação do caráter do bem tombado, respeitando os princípios das cartas patrimoniais, e o atendimento às novas demandas. A intervenção deve não apenas resolver as questões funcionais, mas agregar valor ao bem tombado.

E concluí: Manifesto-me favoravelmente ao partido proposto no estudo preliminar em análise, cujo desenvolvimento deverá atender às diretrizes apontadas no parecer técnico e ser acompanhado pelo DPH em todas as suas etapas

Estação Santo Amaro

Na ata foi dato um breve histórico da estação:

“Estação Ferroviária Largo XIII, hoje, Santo Amaro – localizada à Av. Nações Unidas na altura da rua Padre José Maria Maria, projetada pelo arquiteto João Walter Toscano, em 1985, reconhecido marco arquitetônico na paisagem paulistana na história da arquitetura, tendo sido premiada na 2ª Bienal Internacional de São Paulo e 1993 e na Bienal Internacional de Sofia em 1987. Seu significado cultural, para além da sua qualidade plástica, deve-se à solução criativa encontrada pelo arquiteto para o problema enfrentado, quando à implantação, à adequação do programa e aos recursos materiais oferecidos. A opção pelo aço como material estrutural foi uma imposição do contratante, a FEPASA, que recebeu as chapas de aço da Cosipa como pagamento, das quais o arquiteto soube tirar proveito, embora mais familiarizado, até então, como toda sua geração, com o uso do concreto. Localizada entre a via expressa e o rio, o arquiteto, visando melhor aproveitamento da condição dada, deslocou parte do programa em uma plataforma elevada sobre o próprio leito ferroviário, suspensa por doze pórticos de aço espaçados a cada 20m, cuja composição cromática é de autoria da arquiteta e artista plástica Odilea Toscano.

A torre do relógio é uma referência às tradicionais estações de trem. Importante lembrar que a documentação gráfica deste projeto está na biblioteca da FAU/USP e na FEPASA, cuja consulta pode auxiliar no desenvolvimento do novo projeto. Esta obra teve repercussão na própria trajetória desse importante arquiteto brasileiro, a partir do qual teve oportunidade de projetar as estações: de trem – Jurubatuba, em 1986, de Metrô – Pêssego, em 1990, e Vila Madalena, e 1992, e o Terminal de ônibus Princesa Isabel, em 1996″

Próximos passos

De acordo com a ata as seguintes diretrizes devem ser seguidas:

  • Apresentar projeto arquitetônico completo contendo memorial descritivo e detalhamento da intervenção, bem como os procedimentos a serem adotados, considerando tratar-se de obra de reconhecido valor arquitetônico;
  • Apresentar autoria, assinatura e RRT de um arquiteto responsável pelo projeto, que deverá estar pautado nas recomendações internacionais de intervenção em edifícios de valor cultural, sobretudo nos critérios de mínima intervenção e distinguibilidade;
  • Apresentar ao final plano de manutenção e conservação da estação tombada.

De acordo com o Metrô o status oficial do projeto da reforma da estação é “Atualmente esse projeto está em fase final de estudo entre a CPTM e a ViaMobilidade para definição do método construtivo, detalhamento do Projeto Executivo e a implantação do projeto, considerando a convivência com a operação da Estação e a circulação dos trens .

De acordo com o contrato de concessão esses são os prazos obrigatórios que se não cumpridos acarretam multas:

  • Apresentar o cronograma do projeto até outubro de 2019 (18 meses após a assinatura do contrato)
  • Terminar a obra em até outubro de 2021 (42 meses após a assinatura do contrato)

Acervo João Walter Toscano

Vejam aqui algumas imagens do Acervo João Walter e Odiléa Setti Toscano constantes no site Arquigrafia:

Conclusão

Espero que também seja feita uma reforma na torre do relógio que não está funcionando há anos e na composição cromática (painéis coloridos) que estão praticamente sem cor, desbotados – notem a foto de capa da Estação Santo Amaro vista da passarela sobre a Marginal do Rio Pinheiros e notem as fotos acima da época da construção.

Torre do Relógio e caixa d’água do Pátio Guido Caloi ao fundo

Vejam abaixo como o relógio era antes, com iluminação ao fundo! Lindão!

Será que veremos ele novamente assim? Alô CPTM e ViaMobilidade!

Estação Largo Treze de Maio (atual Santo Amaro) da CPTM (
Acervo João Walter Toscano )

PS: Quando o novo totem da Estacão Santo Amaro da CPTM, trocado 5 meses atrás para incluir o logo da ViaMobilidade vai ter a iluminação interna funcionando? Alô CPTM e ViaMobilidade!

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Fernando

É engenheiro por formação e entusiasta de obras de mobilidade urbana. Utiliza transporte individual na maioria das vezes mas acompanha e sabe da real e urgente necessidade de investimentos em infraestrutura e principalmente em transporte público aliadas com políticas públicas de redução da pendularidade do sistema de transportes

4 comentários

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  • Esta reforma precisa ser urgente, acho que de todas as estações do metro essa é a pior de acesso tanto para acessar a plataforma quanto para sair escadas e corredores estreitos.
    Antes já estava ruim acesso e agora depois da extenção da Linha 5 lilas ficou pior.

    Outro ponto critico foi a estação Capão Redondo devido ao alto Fluxo a entrada na estação é de 10 a 15 minutos para passar a catraca.
    o pessoal da regiao do Jardim Angela, estrada MBoi Mirim e de Itapecirica da Serra estão vindo ao Capão Redondo em pesso quem utiliza sabe o caos que é pegar esse Metro.

    Acho que esse fluxo gigantesco só iria diminuir com a estação do Jardim Angela, que iria diminuir muito com o fluxo nesta estação.

  • Essa estrutura paralela na ponte estaiada (a primeira do Brasil) é de chorar. Vão acabar com uma das estações mais lindas do Mundo. A melhora no fluxo se faz necessária, mas isso apresentado é um rabisco de péssimo gosto.

  • Pontos a considerar: a reforma é extremamente necessária e deve ser feita para ontem. No entanto, é de se lamentar profundamente ao ver essa estrutura que será feita ao lado de fora da estação do Metrô. Vai desconfigurar toda a linda arquitetura da estação. Isso se chama FALTA DE PLANEJAMENTO. Padrão Brasil.

  • Gostaria de saber a opinião do Conpresp sobre as rampas para acesso de bicicletas à ciclovia nas estações ao longo da linha que margeia o rio Pinheiros. Aquilo é uma agressão à paisagem urbana, uma grosseria inexplicável.

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